Por que o comércio não quer o fim do parcelamento sem juros no cartão?

Por que o comércio não quer o fim do parcelamento sem juros no cartão?

Esse é um meio de pagamento importante e não pode ser eliminado, 80% das compras parceladas são feitas em até 6 meses, em média.
Jorge Gonçalves Filho, presidente do IDV

Hipótese se taxação para frear parcelamento também é criticada. Em audiência no Senado, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sugeriu uma tarifa conter a compra desenfreada no crédito em uma quantidade elevada de parcelas. Para o o presidente do Sebrae, Décio Lima, pequenos negócios seriam os mais prejudicados com a taxação e medida afetaria o poder de compra das famílias. “É preciso corrigir o problema dos juros, mas, ao mesmo tempo, não criar outros”, afirma.

Mudança no rotativo não pode prejudicar consumidor que depende do crédito. O Sebrae destaca que o acesso a crédito no Brasil é ainda um dos grandes entraves que impede um crescimento econômico mais sustentável. Para o presidente do IDV, o rotativo do cartão de crédito “já teve o seu tempo”, mas mudanças não podem ser implementadas abruptamente.

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O “parcelado sem juros no cartão” é uma jabuticaba brasileira. A invenção sucede o cheque pré-datado, resultado da alta criatividade nacional, com origem numa longa história de hiperinflação, escreve José Paulo Kupfer, colunista do UOL. “Surgiu para substituir os cheques e tinha como objetivo um prazo curto. Com o tempo crescendo e de fato isso não é normal, porque o dinheiro tem um custo, mas acreditamos que é uma modalidade que precisa continuar”, diz o presidente do IDV.

“Apoiamos as iniciativas dos Poderes Executivo e Legislativo em relação aos exorbitantes juros cobrados no crédito rotativo e esperamos que sejam mais transparentes e, obviamente, que a discussão não prejudique o funcionamento das empresas e impeça o consumo das famílias”
Décio Lima, presidente do Sebrae

“Esse é um meio de pagamento importante e não pode ser eliminado, 80% das compras parceladas são feitas em até 6 meses, em média.”
Jorge Gonçalves Filho, presidente do IDV

O que está em discussão
Governo busca reduzir os juros da modalidade e a inadimplência. A taxa média de juros do crédito rotativo cobrada pelos bancos chegou a bater, 455% ao ano. No mês passado, a inadimplência na modalidade ficou em 49,1%. Uma solução oficial deve ser apresentada em 90 dias. A medida está sendo construída em diálogo com o deputado Elmar Nascimento (União-BA), relator do projeto de lei do Desenrola, programa de renegociação de dívidas das famílias.

UOL, 16/8/2023

Imagem: Pixabay