Os propósitos e metas da campanha Unidos pela Vacina

Os propósitos e metas da campanha Unidos pela Vacina

“Um movimento de pessoas do setor privado com espírito público”. Dessa maneira, Duda Sirotsky Melzer, acionista do grupo RBS e fundador da empresa de private equity EB Capital, definiu o movimento Unidos pela Vacina, encabeçado por Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, e que mobiliza empresários e entidades em uma ação conjunta para acelerar a imunização da população brasileira até setembro deste ano.

Em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira, 9, Luiza Helena, Duda e a empresária Betania Tanure detalharam as propostas do movimento, que partiu da iniciativa de Luiza Helena. “Estamos cansados desse momento do mundo e sabemos que temos um único inimigo em comum, que é o vírus. O Grupo Mulheres do Brasil (organização criada por Luiza Helena) começou a se mobilizar em torno de um movimento para ajudar o País, mas vimos que sozinhas não daríamos conta e começamos a conversar com outras pessoas, que foram aderindo à proposta”, conta a presidente do conselho do Magalu.

Depois de um mês de conversas com empresários de diferentes setores econômicos e com organizações de diferentes áreas, o movimento tomou corpo. A iniciativa, que se apresenta como apartidária e sem qualquer pretensão financeira, visa ajudar a acelerar o processo de vacinação da população brasileira, atuando em parceria com as esferas federal, estadual e municipal.

“O Brasil possui recursos para a compra de vacinas. A nossa proposta é ajudar a resolver os gargalos de logística para que a produção, distribuição e aplicação de vacinas aconteça”

Segundo Luiza Helena, o grupo não promoverá compras de vacinas nem tampouco visa criar um plano privado de imunização. A ideia, segundo ela, é auxiliar a logística, distribuição e aplicação de vacinação pela rede pública em todos os estados brasileiros. “O Brasil possui recursos para a compra de vacinas. Se o problema fosse dinheiro, seria até mais fácil de resolver. A nossa proposta é ajudar a resolver os gargalos de logística para que a produção, distribuição e aplicação de vacinas aconteça”, resume a empresária.

Grupos de trabalho
Para organizar o movimento, o Unidos Pela Vacina criou subgrupos que ficarão responsáveis por diferentes frentes. A primeira cuidará da articulação com o Governo Federal (Casa Civil e Ministério da Saúde) e está sob o comando de Marcelo Silva, presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV). Outros dois subgrupos também cuidarão da interface com os governos estaduais e com as prefeituras de todos os municípios do País.

Já outro grupo de trabalho terá foco em toda a cadeia de vacinação, começando pela aquisição de insumos, distribuição, produção, armazenamento das doses até a aplicação nas unidades básicas de saúde. Conforme destacou Luiza Helena, cada um desses grupos já está em fase de identificação dos gargalos e desafios de sua área e pode, por meio da iniciativa privada, fornecer ajuda para cada uma dessas etapas. “Temos o Paulo Kaninoff (CEO da Gol) conosco e a empresa, por exemplo, pode ser acionada em determinados gargalos de transporte. A Azul também foi outra empresa que se colocou a disposição para trabalhar com a gente”, resumiu Luiza.

O grupo não detalhou os nomes de todos os empresários e entidades que compõem o movimento, mas conta que a adesão vem crescendo nos últimos dias. Duda Sirotsky relatou que, na última reunião, realizada na semana passada, participaram mais de 400 pessoas. “É uma mobilização sem qualquer interesse político ou de qualquer outra natureza que não seja ajudar o País a atravessar esse momento, que se apresenta como o maior problema e a maior oportunidade que já tivemos”, disse.

“Não haverá compra de vacina de forma privada, isso é policy do grupo. Atuaremos no que for possível para ajudar a acelerar esse processo junto ao SUS”

Marcelo Silva, do IDV, garantiu que a participação das empresas e entidades no movimento não terá qualquer tipo de contrapartida nem do ponto de vista financeiro nem de vacinação privada. “Não haverá compra de vacina de forma privada, isso é policy do grupo. Atuaremos no que for possível para ajudar a acelerar esse processo junto ao SUS”, disse.

Para dar um norte ao trabalho, o Unidos pela Vacina está realizando uma pesquisa com Renato Meirelles, do Instituto Locomotiva, para mapear a situação da vacinação em todos os municípios brasileiros. A ideia é compreender os desafios e problemas de cada local (falta de materiais e recursos humanos ou escassez de doses, por exemplo) para, a partir daí, direcionar os esforços de forma mais clara. Os resultados do estudo devem sair ainda esta semana.

Campanha de conscientização
Outro grupo de trabalho do Unidos pela Vacina é o da comunicação, que atuará de forma transversal aos demais com a promoção de ações e estratégias de marketing para ajudar, sobretudo, a conscientizar a população brasileira sobre a importância da vacinação. Esse comitê é liderado por Duda Sirotsky e conta com a participação de Nizan Guanaes, que é o responsável pela criação da campanha em prol da vacinação, com a agência Africa.

O executivo conta que a campanha tem duas frentes: explicar à imprensa as propostas e intenções do movimento e incentivar as pessoas a se vacinarem. Duda contou que o conceito da campanha mostrará rivalidades esportivas e empresariais para mostrar que todos estão unidos por uma causa mais nobre, que é a imunização do País. As primeiras peças da campanha, segundo ele, devem começar a ser exibidas em todos os meios (TV, rádio, mídias sociais, digital) já no fim desta semana.

***

Bárbara Sacchitiello, Meio & Mensagem
9 de fevereiro de 2021