Fonte: novovarejo.com.br
A manutenção da taxa de juros básica da economia em 6,5% ao ano – patamar histórico mais baixo do índice – e da inflação dentro da meta anual de 4,25% trazem alento o ambiente interno.
De acordo com a economista Thaís Zara, da Rosenberg Associados, a inflação controlada e previsível amplia a capacidade de planejamento, fundamental tanto para investidores e empresários, quanto para o consumo das famílias.
Já a baixa dos juros, segundo Zara, é importante para incentivar a retomada da economia – junto com as medidas microeconômicas que vêm sendo tomadas com intenção de reduzir o spread bancário e, portanto, a taxa de juros ao consumidor final.
Embora importante, somente facilitar a obtenção de crédito, no entanto, não é suficiente para reaquecer a demanda e o consumo no país. É o que afirmam os economistas Felipe Souza, da Lafis, e Everton Carneiro, da RC Consultores.
O primeiro explica que a decisão de postergar o consumo e os investimentos não deriva da falta de crédito/liquidez e sim da diminuição da confiança dos empresários e das famílias.
Carneiro, por sua vez, usa de uma forma didática para concordar com o colega. “De modo geral, o aumento de juros é um bom instrumento para frear a economia e controlar a inflação, mas a queda de juros é bem menos eficiente para incentivar a economia. A metáfora é a da corda, boa para puxar e ruim para empurrar. É preciso que haja renda para aproveitar os juros baixos. Então, hoje, a taxa de juros baixa tem um potencial que só pode ser aproveitado no futuro caso a situação do emprego melhore”.
Uma das entidades de maior representatividade do setor varejista no país, o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) elegeu Marcelo Silva como seu novo presidente em 25 de abril.
Formado em Economia e Ciências Contábeis e pós-graduado em Administração Financeira, Silva tem atuação nos mais diferentes segmentos do varejo nacional – ocupando atualmente o cargo de vice-presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza e de conselheiro de empresas como Raia Drogasil (RD), Movida, Grupo Silvio Santos, Grupo Raymundo da Fonte e Grupo Avenida.
Em entrevista exclusiva ao Novo Varejo, o executivo afirmou esperar que o crescimento da economia brasileira seja pífio ao longo de 2019. “No ano passado as empresas varejistas fizeram um orçamento considerando um crescimento do PIB em torno de 3% – que já seria modesto se considerarmos que ainda estaríamos longe de recuperar o patamar em que nos encontrávamos antes da recessão de 2014. Acontece, porém, que estamos em junho e essa previsão já está em 1%. Então, a gente acha que o crescimento será pífio”, analisa Silva.
Para o presidente do IDV, a principal razão para esse cenário advém da intrínseca conexão entre os fatores psicológicos e a economia.
Silva afirma que o fato de a reforma da Previdência ter sido colocada em um ‘pedestal de salvadora do país’ e sua aprovação estar demorando tem causado um sentimento de desânimo nos agentes econômicos que aqui atuam. “A soma da expectativa em torno da reforma e seu travamento no Congresso têm feito com que os investidores paralisem seus recursos aguardando um sinal positivo”.
O executivo acrescenta que, embora tenha desde o início discordado da estratégia de tratar a Previdência como a ‘mãe de todas as reformas’, cabe agora ao empresariado manter um engajamento de apelos constantes aos poderes para que a aprovem. “Foi um erro tratar essa reforma como o gatilho principal para o crescimento da economia. Tínhamos que ter outras duas reformas correndo no Congresso, com comissões próprias, entre elas a tributária. Mas já que a situação é essa, temos que continuar reiterando fortemente nosso desejo para que a reforma da Previdência saia do papel”.
O presidente do IDV afirma ainda que, encerrada com sucesso a pauta da Previdência, haverá maior ânimo na população brasileira como um todo, de modo que seja retomada a confiança nos investimentos e, por conseguinte, cresçam o emprego e o consumo para que, finalmente, o varejo possa melhorar suas vendas. “A psicologia é o principal gatilho do varejo e da economia como um todo”, conclui Marcelo Silva.