Mercado Livre: por que Shein e Shopee podem ser oportunidade ao invés de ameaça

Mercado Livre: por que Shein e Shopee podem ser oportunidade ao invés de ameaça

Nomes como Shein, AliExpress e Shopee têm tirado o sono das varejistas brasileiras nos últimos meses – e não à toa. A concorrência ganhou contornos mais dramáticos com o vai e vém sobre os impostos de importação que foram reduzidos e estão pendendo para o lado das estrangeiras. O Mercado Livre, e-commerce argentino que tem no Brasil o seu maior mercado consumidor, já assumiu seu lado da briga. A empresa defende uma isonomia de impostos que equilibre a disputa entre vendedores e fornecedores locais e os de fora do País. Mas se a balança continuar pendendo para o lado dos gringos, o Meli vai usar a questão tributária como oportunidade.

“Nosso foco são os parceiros locais, mas, se os [produtos] estrangeiros tiverem uma vantagem, inevitavelmente o Mercado Livre vai começar a ter um fornecimento vindo de fora também”, afirmou Fernando Yunes, vice-presidente sênior de e-commerce e principal líder da companhia no Brasil.

A empresa não abre a porcentagem de produtos negociados que vem hoje de fora do País, mas Yunes classificou o montante como “desprezível”. No entanto, a situação é diferente em outros mercados da companhia. No México, a quantidade de produtos que vem de além das fronteiras – cross-border, no jargão do setor – fica na casa dos 15%.

Isonomia de impostos

A discussão ganhou força depois que o Ministério da Fazenda decidiu taxar as importações de produtos estrangeiros em até US$ 50. O governo defendeu que a regra era usada de forma irregular por varejistas internacionais, que aproveitavam a norma para não pagar impostos. Pressionado, o governo recuou da decisão, mas o tema segue em estudo pela pasta.

A expectativa dos vendedores brasileiros é que uma nova regra volte a taxar essas compras em alguma medida. O Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) estimou que as remessas internacionais de até US$ 50 somaram R$ 20,8 bilhões de janeiro a maio deste ano, com perda de arrecadação de R$ 12,5 bilhões.

“Se a isonomia não acontecer, os estrangeiros vão ter vantagem [tributária] contra os locais. E tendo vantagem, vão começar a vender mais”, destacou Yunes. Isso poderia aumentar a participação deles na base da companhia no Brasil. “Como marketplace, o Mercado Livre negocia com parceiros que podem estar em qualquer local”, disse o VP em coletiva nesta quarta-feira, 30, durante o Meli Experience, evento de negócios da empresa para seus vendedores e fornecedores.