Amazon e Mercado Livre atrasam entregas por causa de bloqueios de estradas
As manifestações antidemocráticas que causam bloqueios e interdições em estradas pelo Brasil têm provocado o atraso na entrega de algumas das principais empresas de e-commerce. Desde domingo (30), bolsonaristas defendem a instauração de um golpe militar após o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) derrotar Jair Bolsonaro (PL) nas urnas.
Nas redes sociais, usuários afirmam que ainda não receberam suas encomendas e atribuem a demora à paralisação de bolsonaristas (confira relatos abaixo). Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), há o registro de 60 interdições e 13 bloqueios em rodovias federais em sete estados na tarde desta quinta-feira (3).
Amazon, Correios e Mercado Livre informaram ao UOL que os atos antidemocráticos têm prejudicado a entrega de compras. O Magazine Luiza declara que ainda não houve “impacto negativo” nessa parte logística. Shopee e AliExpress foram procurados, mas não responderam até a publicação deste texto. A Shein, por sua vez, não quis se pronunciar.
Confira abaixo o que diz as notas enviadas pelas empresas. E veja no fim do texto os direitos do consumidor, segundo o Procon:
Amazon: “Estamos trabalhando diariamente para normalizar as entregas atrasadas devido aos bloqueios nas estradas. Entretanto, por causa do acúmulo de pacotes, as entregas dos pedidos podem demorar.
Ainda que não seja possível ver a mudança de status nos últimos dias no site, o pedido está em processo de envio e será entregue em breve.
A Amazon lamenta quaisquer inconvenientes que isto possa causar e trabalha para garantir a melhor experiência de compra possível aos seus consumidores e consumidoras.”
Correios: “Em virtude dos recentes bloqueios em rodovias estaduais e federais que estão ocorrendo em diferentes regiões do país, como amplamente divulgado na mídia, e que impactam no livre tráfego nas estradas, os Correios esclarecem que as entregas de encomendas podem sofrer alterações, enquanto houver restrições no fluxo rodoviário.
Reforçamos que o prazo ofertado nas tabelas dos Correios entre trechos permanecerá inalterado e que a empresa prevê a regularização das entregas até o fim desta semana, após a liberação do tráfego.
A estatal orienta os clientes a acompanharem o status de seus objetos pelo site e app. Os pedidos de informação, quando reportados à empresa por meio dos canais oficiais de relacionamento, são prontamente averiguados e solucionados.
Os Correios seguem à disposição pelos telefones 3003-0100 (capitais e regiões metropolitanas) e 0800-725-7282 (demais localidades) ou pelo Fale Conosco, no site.”
Magazine Luiza: “Até agora, não houve impacto significativo na entrega de produtos devido aos bloqueios nas estradas. Os clientes afetados com algum atraso foram contatados pela companhia e, em função disso, o volume de acessos ao Luiza Resolve, nossa área de atendimento, mantém-se estável.
Importante ressaltar que temos 26 CDs (Centros de Distribuição) estrategicamente localizados em 17 estados do país e que nossas mais de 1.400 lojas no país atuam como pequenos centros de distribuição, o que minimiza os impactos de um evento como esse na operação logística da companhia.”
Mercado Livre: “Estamos acompanhando as movimentações em torno das paralisações pelo país. De maneira preventiva, dada a imprevisibilidade das movimentações, alteramos o prazo de entrega para algumas localidades, a fim de cumprir ao máximo com o prazo informado durante a compra.
Diante da necessidade de novos ajustes, vamos comunicar nossas clientes sobre a eventual ampliação do período de entrega. O Mercado Livre reforça o compromisso com seus usuários e com o cumprimento dos prazos anunciados.
Minha compra está atrasada 3 dias por conta dessa “paralisação” QUE DESGRAÇA
— Maria Eduarda (@MariaaEduardaNF) November 2, 2022
Por causa dessa b**** de “manifestação” minha compra da shoppe tá atrasada. Ódio define!
— tavolaroo (@isaatavolaroo) November 1, 2022
eu tenho n motivos pra detestar bolsonarista, mas o pior deles é por ter atrasado a minha entrega da shein
— juju (@scjj1108) November 3, 2022
Quais os direitos do consumidor? Consultado pela reportagem, o Procon-SP afirma, por meio de sua assessoria de imprensa, que o cliente que se sentir prejudicado com os atrasos motivados pelos bloqueios têm os direitos garantidos pelo artigo 35 do CDC (Código de Defesa do Consumidor) sobre cumprimento de oferta.
O consumidor tem as seguintes opções:
- Exigir o cumprimento da oferta;
- Escolher outro produto ou prestação de serviço equivalente;
- Cancelar o contrato e pedir a devolução do que pagou, devidamente corrigido.
No caso de eventuais perdas e danos, o cliente ainda tem a alternativa de acionar o Juizado Especial Cível, responsável por julgar causas de menor complexidade, no valor de até 40 salários mínimos (R$ 48.480).