Pix movimenta R$ 4 trilhões em um ano de existência e favorece inclusão
“As grandes transformações precisam estar acompanhadas da grande competição que o Pix trouxe” — Jorge Gonçalves Filho, conselheiro do IDV
Para celebrar o aniversário do sistema de pagamentos instantâneos, o BC realizou evento virtual
O Pix completou ontem o primeiro ano de funcionamento com mais de R$ 4 trilhões transferidos em aproximadamente sete bilhões de transações. Conforme divulgado pelo Banco Central (BC), somente em outubro foram realizadas mais de 1,2 bilhão de transferências, que somaram R$ 584 bilhões.
Conteúdo exclusivo: Confira os depoimentos de quem já usa o Pix nos seus negócios
Para celebrar o aniversário do sistema de pagamentos instantâneos, o BC realizou evento virtual em que destacou não apenas a rápida disseminação do Pix pelo país, mas também os aspectos inclusivos dele.
Em apresentação, o diretor de organização do sistema financeiro e resolução do BC, João Manoel Pinho de Mello, disse que 45,6 milhões de pessoas foram incluídas no sistema financeiro pelo Pix. O cálculo da autoridade monetária leva em conta o número de pessoas que não tinham realizado uma transferência via Ted nos 12 meses anteriores ao lançamento do sistema de pagamentos instantâneos, mas posteriormente fizeram alguma transação por meio do Pix.
O diretor também destacou que 35% das pessoas incluídas no Cadastro Único do governo federal e 25% dos beneficiários do Bolsa Família possuem chave do Pix. “Isso é inclusão na veia”, afirmou. Ele chamou a atenção para o fato de que 60% das transações via sistema de pagamentos instantâneos foram de até R$ 100, “o que mostra que é usado para pequenas transações”.
Outros números apresentados foram: 104,4 milhões de pessoas já fizeram uma transferência via Pix, o equivalente a 62,4% da população adulta; em 11 Estados, mais de 60% da população adulta já usou o sistema pelo menos uma vez; 7,9 milhões de empresas usam o Pix, o que representa 54,6% das companhias com relacionamento com o Sistema Financeiro Nacional (SFN).
No caso das menores companhias, a “boa aceitação” do Pix é algo “notório”, conforme afirmou em painel Cristina Araújo, analista do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Ela destacou, entre outros fatores, a velocidade das transações, “a conveniência” do sistema e a facilidade para controlar o fluxo de caixa. De acordo com a analista, o Pix já está “no alcance de quase todos os pequenos negócios do Brasil”.
Entre as empresas do SFN e de meios de pagamentos, as fintechs vêm usando o Pix para atuar em setores nos quais os grandes bancos “não conseguem atuar”, segundo Marcelo Martins, diretor da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs).
Márcio Rodrigues, representante da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), relatou que no “período de construção” do Pix houve “muita preocupação em relação à segurança”. Mas isso ficou para trás, já que “o projeto foi muito bem comunicado”.
No evento, sugestões de melhoras foram pontuais. Vinícius Garcia, executivo do iFood, afirmou que o Pix já está entre os três meios de pagamento usados por clientes da empresa. Mas reconheceu que, embora a experiência do cliente tenha apresentado melhora significativa recentemente, ainda há “bastante espaço” para aprimoramentos. “[O sistema] tem um potencial imenso, e essa inclusão tende a acelerar”, afirmou.
Para Jorge Gonçalves Filho, conselheiro do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), é importante que o Pix mantenha o foco em expandir a competição. “As grandes transformações precisam estar acompanhadas da grande competição que o Pix trouxe”, afirmou.
Valor Econômico-SP – 17/11/2021