Informalidade atinge 42% da força de trabalho ocupada
Levantamento do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) com a consultoria McKinsey & Company e o escritório de advocacia Mattos Filho apurou a informalidade no varejo brasileiro. Foi o quarto estudo realizado pela McKinsey, o terceiro em parceria com o IDV. Os anteriores foram realizados em 2004, 2014 e 2019.
Segundo a pesquisa, para destravar a produtividade e viabilizar o desenvolvimento, o Brasil precisa reduzir a informalidade, que chega a 42% da força de trabalho ocupada, mais de 20 pontos percentuais acima da registrada em países que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Um dos desafios será expandir a parcela da população em idade de trabalho que possui uma ocupação com registro e contribui com tributos de trabalho, que atualmente é de apenas 28%, comparado com 44% de países da OCDE.
O crescimento do PIB brasileiro vem se pautando na expansão da força de trabalho, porém com o fim do bônus demográfico, o país dependerá de maior produtividade para seguir crescendo, assim como outros países em desenvolvimento têm feito, como China e Índia. A informalidade, caracterizada por meio do trabalho sem registro ou da evasão tributária, é um dos principais inibidores da produtividade. O Brasil avançou bastante na redução da informalidade entre 2002 e 2012. Neste período, a taxa de ocupados sem registro caiu 15 pontos percentuais, e o índice de informalidade da economia caiu cerca de 10 pontos percentuais, porém tanto os avanços contra a informalidade como o crescimento econômico estagnaram na última década.
A evasão e a não arrecadação de tributos por empresas atingiram, em 2020, entre R$ 460 bilhões a R$ 600 bilhões. A estimativa é composta pela evasão fiscal de empresas (R$ 320 bilhões a R$ 420 bilhões) e a não arrecadação de tributos associada ao trabalho sem registro (R$ 140 bilhões a R$ 180 bilhões). No varejo, este número é de R$ 95 bilhões a R$ 125 bilhões, a maior parte em tributos estaduais.
O varejo é o setor que concentra a maior quantidade de ocupados sem registro, um contingente de 6,8 milhões de trabalhadores. O varejo digital apresenta maior evasão tributária do que o varejo físico, de 33% a 37% das vendas contra 25% a 34% das vendas físicas. Isso ocorre porque as plataformas digitais apresentam diferentes níveis de monitoramento sobre a atuação informal de seus vendedores. A expansão de vendas cross border (operações comerciais que vão além das fronteiras) e serviços de delivery evidenciam novas rotas de informalidade.
A combinação da alta carga tributária com a complexidade de se manter formal fomenta a evasão tributária e a não arrecadação no Brasil. O país possui carga tributária para empresas 12 pontos percentuais acima da média dos países da OCDE e lidera o ranking de complexidade corporativa entre outros 77 países (medido pelo TMF Group).
Os avanços contra a informalidade que o varejo vinha conquistando estagnaram nos últimos 5 anos. A produtividade dos setores de varejo, medida pela receita por pessoa empregada, estagnou, e em alguns casos, como na área de material de construção, retraiu. O varejo digital representa cerca de 14% das vendas do varejo brasileiro, e seu avanço perpetua a informalidade habitual de diversos setores e acelera novas modalidades, como o cross-border. Existe potencial de mitigação da informalidade no varejo digital, principalmente devido à concentração de plataformas digitais de vendas, rastreabilidade das vendas digitais e maior facilidade de verificar e denunciar vendedores e compradores irregulares, porém estas práticas ainda não estão disseminadas.
Em pesquisa com os sellers (aqueles que vendem seus produtos em plataformas digitais), identificou-se que a informalidade é alta entre pequenas empresas: 47% das MEIs e MEs declararam receita acima do permitido em suas categorias tributárias e 25% dos respondentes que se classificaram como MEIs afirmam operar no varejo digital por meio de múltiplas MEIs. As plataformas digitais possuem padrões distintos de monitoramento de seus sellers, o que gera dispersão na percepção sobre informalidade nesse canal. Canais alternativos, como aplicativos de chat e redes sociais, despontam com alta percepção de informalidade. A expansão de vendas nestes canais, combinada com novas modalidades de pagamento, pode vir a ser foco de informalidade no varejo digital.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações de cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies essenciais
Favor deixar cookies essenciais sempre habilitados para que possamos lembrar suas escolhas no website.
Se você desabilitar este cookie, não poderemos salvar suas escolhas.Isto significa que cada vez que você visita o website, terá de habilitar/desabilitar os cookies novamente.
Analytics
Este site usa o Google Analytics para coletar informações anônimas, como o número de visitantes do site e as páginas mais populares.