Setor teve alta de 0,6% na comparação com agosto, abaixo do esperado, mas zerou as perdas no ano. Vendas de móveis, eletrodomésticos e material de construção lideram recuperação.
O comércio varejista cresceu 0,6% em setembro, na comparação com agosto, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar do setor cravar a quinta alta seguida e zerar as perdas no ano, houve desaceleração frente às altas dos meses anteriores, em um movimento de acomodação após forte recuperação das perdas provocadas pela pandemia de coronavírus.
Em relação a setembro de 2019, o comércio cresceu 7,3%, na quarta taxa positiva consecutiva.
O IBGE também revisou o resultado de agosto para uma alta de 3,1% – a leitura inicial havia mostrado avanço de 3,4%. O crescimento de julho também foi revisado de 5% para 4,7%. Veja gráfico abaixo:
O resultado veio abaixo do esperado pelo mercado. A mediana das estimativas de 30 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data apontava alta de 1,4% em setembro e avanço de 9% na análise anual.
“Trata-se de uma diminuição do ritmo de crescimento nos volumes do varejo nacional. A desaceleração é natural e representa uma acomodação, porque as quedas de março e abril foram muito expressivas, o que fez com que os meses seguintes de recuperação também tivessem altas intensas. A desaceleração é como se a série estivesse voltando à normalidade”, avaliou o gerente da PMC, Cristiano Santos.
A última vez que o comércio registrou cinco taxas mensais positivas seguidas foi em 2013.
Em 12 meses, passou a registrar avanço de 0,9%, alta acumulada de 0,5% em agosto, indicando um ganho de fôlego do setor.
Com a variação de 0,6% em setembro, o patamar do comércio varejista, que já havia atingido nível recorde em agosto, renovou máxima histórica no volume de vendas totais no país.
A receita nominal do varejo subiu 2,1% em setembro. Na comparação anual, subiu 3,7%. No acumulado no ano, tem elevação de 3,6%. E em 12 meses, passou a acumular alta de 4,2%.
Desempenho de cada atividade do varejo em setembro
Das 8 atividades pesquisadas, 3 registraram queda no volume de vendas em setembro, na comparação com agosto, com destaque para novo recuo (-0,4%) nas vendas de supermercados em meio à aceleração da inflação no país. Veja abaixo:
Combustíveis e lubrificantes: 3,1%
Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: -0,4%
Tecidos, vestuário e calçados: -2,4%
Móveis e eletrodomésticos: 1%
Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: 2,1%
Livros, jornais, revistas e papelaria: 8,9%
Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: 1,1%
Outros artigos de uso pessoal e doméstico: -0,6%
Veículos, motos, partes e peças: 5,2% (varejo ampliado)
Material de construção: 2,6% (varejo ampliado)
Pelo conceito varejo ampliado, que inclui “Veículos, motos, partes e peças” e de “Material de construção”, o volume de vendas cresceu 1,2% em relação a agosto e 74% na comparação com setembro de 2019. No acumulado no ano e nos últimos 12 meses, ainda há queda, de 3,6% e de 1,4%, respectivamente.
Alta de 17,2% no 3º trimestre
Na passagem do 2º para o 3º trimestre deste ano, o comércio apresentou uma alta de 17,2%, a maior alta trimestral registrada desde 2014.
“Isso ocorreu, porque os trimestres anteriores apresentaram desempenho muito baixo”, destacou o gerente da pesquisa.
No 2º trimestre, o setor havia registrado um tombo de 8,5% na comparação com os 3 primeiros meses do ano. Já no primeiro trimestre, houve queda de 1,9% na comparação com o 4º trimestre do ano passado.
Já em relação ao terceiro trimestre de 2019, houve avanço de 6,3%, a maior alta nesta base de comparação também desde 2014.
Móveis, eletrodomésticos e material de construção são destaques no ano
Embora o varejo tenha zerado as perdas no ano no índice geral, apenas 3 das 8 atividades registram avanço de vendas no ano: móveis e eletrodomésticos (9,4%), artigos farmacêuticos e de perfumaria (6,5%) e supermercados (5,5%).
Apenas três das oito atividades do comércio varejistas apresentam avanço das vendas no acumulado do ano — Foto: Economia/G1
Já as maiores quedas foram nas vendas de tecidos, vestuário e calçados (-30,6%), livros, jornais, revistas e papelaria (-30,5%) e equipamentos e material para escritório e informática (-18,2%).
No varejo ampliado, as vendas de veículos, motos, partes e peças acumulam queda de 18,1% no ano, enquanto que a de material de construção cresceu 7,9%.
Vendas crescem em 14 das 27 unidades da federação
Em setembro, houve alta nas vendas em 14 das 27 unidades da federação, com destaque para Piauí (5,7%), São Paulo (2,1%) e Espírito Santo (1,8%). Por outro lado, pressionaram negativamente os resultados do Maranhão (-5,9%), Amapá (-5,5%) e Ceará (-4,4%).
Recuperação e perspectivas
Após o forte tombo da economia no 1º semestre, a atividade econômica vem mostrando reação no 3º trimestre, com o comércio se destacando como um dos setores com uma recuperação mais rápida, com as vendas alavancadas nos últimos meses pelo Auxílio Emergencial e pelo afrouxamento das medidas de contenção à pandemia.
Analistas apontam que o desemprego elevado e perspectiva de término dos programas de auxílio devem limitar o ritmo de recuperação da economia na virada de ano. Pesam também nas perspectivas para o país, as incertezas ainda elevadas sobre a evolução da pandemia de coronavírus e as preocupações com a saúde das contas públicas.
“A velocidade de retomada está diminuindo e por mais que o resultado do varejo seja surpreendente (estamos nos maiores valores da série) veremos necessariamente alguma desaceleração no 4º trimestre”, avaliou o economista da Necton, André Perfeito.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações de cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies essenciais
Favor deixar cookies essenciais sempre habilitados para que possamos lembrar suas escolhas no website.
Se você desabilitar este cookie, não poderemos salvar suas escolhas.Isto significa que cada vez que você visita o website, terá de habilitar/desabilitar os cookies novamente.
Analytics
Este site usa o Google Analytics para coletar informações anônimas, como o número de visitantes do site e as páginas mais populares.