O que o mercado pode esperar para o período de festas de fim de ano
Em meio a instabilidade, mercado se mostra resistente, e os consumidores animados
Além das tradicionais datas sazonais do segundo semestre de 2022, o Brasil também contou com oportunidades de aquecer o mercado, entre um período eleitoral acirrado e a Copa do Mundo tão esperada. Em meio a tantos acontecimentos, o comércio varejista observa possibilidades de movimentar a economia em todos os segmentos.
Obviamente o segundo semestre é mais lucrativo para os empreendedores, pela quantidade de datas comemorativas que temos durante esse período. Segundo a diretora de conteúdo da E-Commerce Brasil, Viviane Vilela, o consumo foi diluído ao longo das semanas de novembro e dezembro, por conta da quantidade de eventos para os consumidores.
“A venda de televisores, a camisa oficial do Brasil, ocorreram em maior volume antes do início da Copa. Já durante a Copa, temos visto um aumento da venda online de alimentos e bebidas para serem consumidos durante os jogos. O consumidor está se planejando melhor para fazer as suas aquisições de acordo com a sua comodidade neste período do ano”, fala Viviane.
Segundo relatórios que mensuram o varejo brasileiro, é possível observar um cenário onde o consumidor avalia as possibilidades de compra, ou seja, se planejando antes de comprar algo. O prazo de entrega de um produto, a necessidade, o poder de compra e o valor de oferta são apontados como os principais quesitos avaliados pelo consumidor.
Segundo a Neotrust, plataforma de dados sobre o e-commerce brasileiro, as categorias mais procuradas em novembro foram artigos de moda e acessórios, beleza e perfumaria, alimentos e bebidas, eletroportáteis e utilidades domésticas. Para o Natal, a expectativa é um desempenho similar de crescimento nas vendas e no faturamento para cada categoria. Produtos que se encaixam nas categorias de brinquedos, serviços de viagem e passagens aéreas também possuem grande procura nesse período.
O objetivo de quem receberá o décimo terceiro salário não foge muito dos gastos de anos anteriores, como quitar dívidas, investir ou comprar presentes para si e para familiares. O consumo consciente também tem grande valor este ano, levando em conta a jornada do consumidor, aliando preço, posicionamento de marca, prazo de entrega e uma boa estratégia de comunicação por parte da empresa.
Para o gerente de e-commerce da Freitas Varejo, Gabriel Bontempo, as expectativas dos especialistas sobre o mercado do varejo com a chegada das festas de fim de ano ainda são incertas. Muitos projetam um crescimento de até 15%, enquanto o IDV – Instituto do Desenvolvimento do Varejo prevê uma queda de 1,1% em relação ao ano anterior.
Na percepção do gerente, o período de Copa do Mundo, junto a Black Friday no mês de novembro e parte de dezembro, podem causar uma certa animação em relação às compras. O cenário político atual também pode atingir os consumos, podendo gerar uma certa retração no mercado. Porém, Gabriel acredita que o mercado se auto organiza e se estabelece na crescente de consumo.
“O mercado pode esperar muita pechincha. O público em geral tem desejo e vontade de compras nessa época do ano, muito incentivado por presentes e confraternizações. Portanto, vão optar por produtos mais baratos ou com condições de pagamento mais flexíveis. Quem tem estoque muito alto, é a hora certa de queimar um pouco de margem para gerar lucro, claro que sem perder rentabilidade em excesso”, afirma Gabriel.
Ele comenta ainda que os segmentos que demonstram maior crescimento são os que buscam investir na cultura da omnicanalidade. Com o aumento do poder de decisão do consumidor, quem ganha espaço é a empresa que mais marca presença em ambientes presenciais e, principalmente, no ambiente virtual.
Para o economista Charles Mendlowicz, em comparação aos últimos anos, ele acredita que as pessoas estão chegando a esse período muito mais animadas economicamente, dispostas a gastar. A partir da queda das taxas de desemprego em relação a 2020 e 2021, o poder de compra do consumidor aumenta gradativamente. Porém, a inflação e as taxas de juros vêm sendo persistentes durante 2022. “A parte animadora é ter mais gente trabalhando, levando a possibilidade de aumentar a renda familiar, e a parte ruim é a inflação e juros elevados”, diz Charles.
Em relação ao cenário político, o economista acredita que devido a instabilidade econômica do país, os empresários e investidores mais tradicionais optam por investimentos menos arriscados. O momento de incerteza econômica precisa de uma definição de governo em relação aos líderes do mandato de 2023 em diante. Algo que pode gerar uma certa retenção.
Em relação às viagens de férias, boa parte dos especialistas acreditam que o consumidor vai optar por alternativas mais baratas, que proporcionem o mesmo nível de experiência esperado. Outra alternativa para o consumidor em caso de viagens de férias é utilizar meios de transporte alternativos, como viagens de carro, ônibus ou barco.
Imagem: Ron Dauphin / Unsplash