O bom presságio para o varejo (e para os consumidores) na Black Friday
Estudo da Confederação Nacional do Comércio (CNC) aponta que a Black Friday deste ano terá mais descontos efetivos para os consumidores. Confira a matéria do portal da revista Veja:
Um estudo divulgado nesta quarta-feira, 9, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, a CNC, trouxe bons sinais para o comércio varejista neste fim de ano. Com a aproximação da Copa do Mundo de futebol, a chegada do evento promocional Black Friday deve ser impulsionada neste ano, atingindo um patamar de 4,21 bilhões de reais no país. Só o evento esportivo deve trazer um gasto extra em 1,48 bilhão de reais para a data. Com os números, a estimativa é que a Black Friday mantenha tendência de evolução nas vendas, após um faturamento de 4,17 bilhões de reais em 2022.
A entidade aponta que o evento deste ano deve ser benéfico aos consumidores mais ávidos por “descontos efetivos”. Isso deve se dar graças à perda do fôlego inflacionário. A CNC coletou 180 preços diários dos itens mais buscados na internet, agrupando-os em 36 linhas de produtos ao longo dos últimos 40 dias. Neste período, 39% deles revelaram tendência de redução – percentual que contrasta com os 26% observados às vésperas da Black Friday de 2021. Em novembro de 2021, a inflação anualizada medida pelo IPCA era de 10,7%, ao passo que, para novembro deste ano, projeta-se que a taxa anualizada fique em torno de 6%.
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“O apelo da Black Friday, tradicionalmente, é um apelo promocional. No levantamento que a gente fez no ano passado, a gente tinha aproximadamente 26% dos produtos com potencial de consumo de desconto efetivo. Neste ano, esse percentual é maior. E a explicação para isso está na inflação, que, embora não seja baixa, dá sinais de retração”, afirma Fabio Bentes, economista-sênior da entidade.
Para o economista, o ganho de faturamento na data também se dará graças ao amadurecimento do consumidor em relação ao comércio eletrônico. “É a data comemorativa do varejo em que o e-commerce tem maior peso. Diante da digitalização do consumo dos últimos anos, faz sentido que ocorra esse aumento, mesmo num cenário no qual o crédito ficou mais caro. Hoje, a taxa de juros para o consumidor está no patamar mais alto desde 2018 e isso acaba sendo um fator desacelerador desse aumento que veremos porque a venda de bens de consumo duráveis costumam ser concretizados via financiamentos e empréstimos”, complementa ele. “Se o crédito estivesse num patamar semelhante ao do ano passado, certamente o resultado esperado seria ainda melhor.”
Segundo a pesquisa, os itens dos quais os preços mais se retraíram nas últimas semanas foram os sapatos masculinos (-17%), lavadora de roupas (-13%), relógios inteligentes (-10%), fones de ouvido (-8%) e purificadores de água (-7%). Por outro lado, a CNC identificou aumento de preço em diversos produtos às vésperas da Black Friday. Os maiores aumentos de preços estão em bronzeadores (+22%), perfumes masculinos (+22%), geladeiras (+12%), hidratantes (+11%) e calças femininas e masculinas (+11%).
Com a recuperação do comércio varejista em setembro, com crescimento de vendas de 1,1%, segundo o IBGE, a CNC revisou o crescimento do mercado em 2022 de 1,2% para 1,3% nesta quarta-feira.
Imagem: Unsplash