Artigo: Internacionalizar ou não meu negócio? O que avaliar antes de iniciar o cross border

Artigo: Internacionalizar ou não meu negócio? O que avaliar antes de iniciar o cross border

Por Ricardo Onofre — Tido como uma tendência do e-commerce nacional, o Cross Border consiste basicamente na compra ou venda online de produtos de outros países, especialmente da China e dos Estados Unidos. O conceito se tornou protagonista neste segmento após a profissionalização dos mercados logísticos e, sobretudo, do marketing digital.

A digitalização dos consumidores pós-pandemia realçou a chegada dos produtos estrangeiros, uma vez que o receio em relação ao pagamento de impostos alfandegários foi deixado de lado. Neste sentido, alavancando as vendas online, os pagamentos cross border são essenciais para as transações financeiras entre países, possibilitando, assim, expansão de mercado, redução de custos e maior agilidade.

De acordo com um levantamento do Bank of England, os pagamentos transfronteiriços devem aumentar para mais de 250 bilhões de dólares em 2027. Representando, em média, US$ 150 bilhões em 2017, a estimativa é que haja um aumento de mais de 100 bilhões de dólares no período de 10 anos.

O principal impulsionador deste conceito é o custo-benefício, ao passo que os produtos comercializados apresentam ótima qualidade e preços mais atraentes. Além disso, este movimento se deu em um período nacional estratégico, em que os brasileiros se digitalizaram e, infelizmente, perderam poder aquisitivo diante dos índices de desemprego, juros em alta e inflação.

Excelente para as empresas que almejam vender mais no ambiente digital, multiplicar suas vendas e expandir para o mercado internacional, o cross border estabelece um serviço ainda mais competitivo e intensificado pelo comportamento do novo consumidor. Inclusive, o sucesso dos grandes players está atraindo negócios menores via marketplace.

Estimulando o setor de bens de consumo de tíquete médio menor, a exemplo das roupas, acessórios, artigos esportivos, entre outros, o conceito traz cada vez mais competitividade para o e-commerce e os números demonstram esse avanço. Segundo levantamento do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), o cross border avançou de 72,1 milhões de importações de pequenos valores para 177,6 milhões, o que simboliza uma alta de 146,3% de 2018 a 2022.

Recentemente, o Senado aprovou a taxação de compras internacionais de até US$ 50, tornando, assim, os preços dos players locais mais competitivos. A alíquota de 20% sobre o e-commerce estrangeiro reequilibra de forma sútil as cartas do jogo entre os cross-borders e os negócios locais.

Neste momento, a falta de conhecimento das leis regulatórias, juntamente da complexidade dos processos e os altos impostos, infelizmente ainda dificultam o empreendedor brasileiro neste processo de internacionalização dos produtos.

Vale pontuar que existem oito pontos-chave que devem ser considerados no início do processo de cross border, são eles: análise de mercado, que consiste em entender de fato se existe uma demanda internacional pelo produto ofertado; custos de exportação, onde é recomendado verificar, principalmente o custo do frete internacional e as regras aplicadas no país de destino; recursos multilínguas, ou seja, além do idioma, é extremamente necessário assegurar a grafia das palavras e frases, de acordo com as diferenças regionais e culturais dos países; avaliar a logística reversa e optar por produtos que minimizam este processo; escolha plataformas que atenda o mercado internacional em termos de tecnologia, SEO e integrações; conversão automática do câmbio e meios de pagamento, uma vez que não são todos os aplicativos que aceitam transações e moedas internacionais; e, por último, identifique os marketplaces ideias para se relacionar.

Portanto, o cross border demanda análise e planejamento estratégico. Desenvolva um plano de internacionalização da sua marca que avalie os riscos e benefícios envolvidos na comercialização, sempre considerando o processo de adaptação tanto do negócio como do produto ofertado.

Ricardo Onofre é CEO e cofundador da Social Digital Commerce.

Foto: Unsplash