A transformação da loja no varejo potencializada pela IA
Confira o artigo de Marcos Gouvêa de Souza, conselheiro do IDV, publicado pelo portal Mercado&Consumo, no qual aborda a transformação da loja no varejo potencializada pela IA.
“Já foi PDV, evoluiu para PDX e depois mudou para OmniPDX. Foi reconfigurada para OmniPDX elevado a IA e, no cenário atual, talvez podemos simplesmente considerar como Shop potencializada pela Inteligência Artificial, ou Shopᴵᴬ.
E, diferentemente do que estávamos acostumados, as novas configurações brotam ao mesmo tempo em diversas geografias no mundo, com forte predominância do que acontece na Ásia, onde a velocidade de transformação tem sido potencializada pelo senso de urgência em busca do maior protagonismo nos cenários econômico, político e de negócios.”
Nesse cenário, a tecnologia, o digital e a Inteligência Artificial reconfiguram toda a realidade. Temos hoje apenas uma pálida ideia do que será o futuro, como consequência desse processo no varejo. E as transformações passam pela multipolarização, com crescente protagonismo do valor.
O consumidor do passado torna-se megaempoderado, pela multiplicação de alternativas de produtos, serviços, soluções, marcas, canais, formatos e negócios disputando sua preferência, atenção e a, cada vez mais desafiadora, fidelidade.
Como ser fiel com tantas alternativas e oportunidades renovadas, de forma constante e multiplicadas, pelas possibilidades oferecidas pela Inteligência Artificial, disputando e envolvendo seu interesse, atenção e preferência?
Como resultado dessa multiplicação de possibilidades e do maior nível de informação, aumenta a predominância do varejo de valor em suas múltiplas alternativas. Como o EMart, do ecossistema Shinsegae, na Coreia do Sul, que criou em seus super e hipermercados uma área destinada aos produtos No Brand.
O No Brand representa sua estratégia de oferecer em suas operações um negócio só focado em valor, com preços low entry. Ou seja, na faixa mais baixa, em diversas categorias, para combater as operações, formatos e canais tradicionais orientados para o valor, além do que é oferecido pelo digital.
Ao mesmo tempo em que os operadores tradicionais de valor crescem em participação de mercado na Europa, Ásia, Estados Unidos e Brasil, todos os demais buscam caminhos estratégicos para oferecer mais experiência, atratividade, conveniência, facilidade, experimentação, personalização e o que mais for possível para enfrentar a crescente tendência do foco no valor.
Usam todos os recursos possíveis para se tornar mais competitivos, racionais e com maior produtividade para oferecer mais por menos com melhor rentabilidade. Haja desafio.
A Inteligência Artificial, por suas diversas possibilidades, é o elemento da hora e do futuro, para diferenciar, racionalizar, simplificar, atrair, reter, personalizar e, na medida do possível, conquistar o cada vez mais volúvel e volátil consumidor.
Em Singapura, com seu programa de fidelidade, o Capital Group, desenvolvedor, investidor e operador de 18 shopping centers, monitora comportamentos em todas as suas operações, que mesclam varejo, serviços, soluções, coworking e, especialmente, foodservice, reconhecendo e premiando o relacionamento com cashback, promoções e estímulos diversos, personalizados pelo perfil comportamental de seus clientes.
De forma similar, o grupo Hyundai, também operador de varejo na Coreia do Sul, monitora comportamentos e promove troca constante de operadores e negócios em sua maior loja de departamentos em Seul, inaugurada em 2021, com 89 mil m², 6 pisos, 500 lojas e 300 operações de foodservice, focada no público de 20 a 30 anos. Com base nas informações coletadas, eles intensificam o conceito de pop up, aplicando essas estratégias aos diversos negócios oferecidos.
Em tudo o que envolve a frente das lojas, o IA será fundamental no tratamento de dados e na criação de alternativas dinâmicas de personalização, precificação, pagamento, interação e vivência, para diferenciar, atrair, vender, reter e, se possível, fidelizar.
Projetos-piloto na Coreia, Singapura e China individualizam a oferta de produtos e marcas nas lojas, a partir do reconhecimento facial e do enquadramento dos dados demográficos e preferências de clientes com perfis semelhantes, que são constantemente revistos pelo uso da IA.
Na retaguarda dos negócios das lojas, a IA será elemento crítico para fazer tudo isso e muito mais, de forma racional, eficaz e com extrema produtividade, para maximizar rentabilidade e reduzir custos de estoques e despesas, permitindo a expansão num cenário cada vez mais competitivo.
Isso sem falar em todo seu papel crítico nos aspectos que envolvem a gestão estratégica, a integração logística, a personalização da comunicação e do relacionamento, além da ativação digital integrada com o espaço físico.
Nesse horizonte amplo de possibilidades, vale especular sobre o futuro que está sendo construído agora e que transformará, de maneira definitiva, todas as formas do varejo, combinado com serviços e soluções.
Será mágico acompanhar e vivenciar.
Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem e publisher da plataforma MERCADO&CONSUMO.
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