Coreia: um país, um mercado e um varejo, no mínimo, surpreendentes – Parte 1

Coreia: um país, um mercado e um varejo, no mínimo, surpreendentes – Parte 1 Coreia: um país, um mercado e um varejo, no mínimo, surpreendentes – Parte 1

Na primeira parte do artigo sobre a Coreia, o conselheiro do IDV Marcos Gouvêa explora em números o varejo e a economia do país asiático. Confira:

 

ProXXIma
9 de outubro de 2019

Por Marcos Gouvêa de Souza (*)

 

Se você tem se espantado com o vigor e as inovações que a China tem mostrado – e prestes a se tornar o maior varejo do mundo, você tem que conhecer mais sobre a Coreia do Sul, que também vive um momento impactante em sua transformação em boa parte pelo nível de atenção à sua economia interna, nos estímulos à exportação e por sua fixação em sua transformação pelos investimentos em educação.

Com uma população de 51,6 milhões de habitantes, dos quais perto de 50% vivem na capital Seul, a Coreia transformou-se na 12ª economia do mundo, medida pelo tamanho de seu PIB de US$ 1,6 trilhões num período muito rápido.

De 1999 a 2018, o PIB da Coreia cresceu 230% em dólares, enquanto o PIB per capita evoluía de US$ 10,4 mil para US$ 31,4 mil, um crescimento de 202%.

Para efeito de comparação, em US$, o PIB do Brasil, com uma população atual de 202 milhões, no mesmo período, 1999 a 2018, cresceu 246% enquanto o per capita evoluiu 122%.

A Coreia é um mercado relativamente jovem em termos globais, com idade média da população de 40,6 anos, porém maior que os 31 anos do Brasil e, da mesma forma, vive também um processo de envelhecimento da população.

É um mercado dos mais competitivos, em boa parte pela hiperconectividade, onde 93% dos usuários fazem uso da plataforma Kakao Talk, com os smartphones tendo uma penetração de 73%, que chega a 100% entre os millennials.

Por conta dessa conectividade é o segundo maior mercado do mundo, junto com UK, em termos de participação do e-commerce nas vendas totais do varejo, com 22,3%, apenas atrás da China, com 35,3%, segundo dados do eMarketer, sendo que 65,4% dessas compras são feitas via mobile.

A pujança do setor de e-commerce faz com que os US$ 54,1 bilhões de vendas previstas para 2019 representem um crescimento de 6,9% sobre as vendas de 2018 e uma evolução de 54% em relação ao valor vendido em 2014.

Porém, em termos macroeconômicos, o período mais recente tem apresentado grandes desafios, sendo que em 2018 o crescimento do PIB foi de 2,7%, o menor dos últimos seis anos, e o grau de confiança da população também esteja num dos seus patamares mais baixos, com índice 46, quando comparado com o Brasil que apresenta, por essa fonte, índice 76.

Como consequência o varejo como um todo, mais recentemente, tem crescido menos do que sua média histórica, porém, acima da média global, prevendo que deverá evoluir em 2019 apenas 1,2% em relação ao ano anterior, quando no período de 2014 a 2019 terá sido de 7,8%.

Para além dos números, a pujança que o mercado coreano mostra só pode ser percebida no contato e na observação pessoal, surpreendendo o visitante pelo vigor do mercado, sua maturidade e competitividade, e pela mescla particular de conceitos de alto luxo e, ao mesmo tempo, forte oferta de operações de valor aliados ao vertiginoso crescimento das vendas digitais. Na melhor multipolarização.

(*) Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral do Grupo GS& Gouvêa de Souza, membro do IDV – Instituto para o Desenvolvimento do Varejo, do IFB – Instituto Foodservice Brasil, presidente do LIDE Comércio e membro do Ebeltoft Group, aliança global de consultorias especializadas em varejo em mais de 25 países.